FIC – Mentiras

Capítulo 15 – A história de Ian

Anigel abriu os olhos rapidamente, assustada. Esperava que estivesse em qualquer lugar, menos na cama do hospital. Alguém dormia profundamente na cadeira ao lado dela, e ela sorriu ao ver quem era. De leve, cutucou o braço dele, e o homem resmungou algumas coisas antes de voltar a dormir.
– Harry! – ela sussurrou e ele abriu os olhos, assustado.
– Anigel! – ele aproximou-se dela e beijou-a apaixonadamente – Quase morri de susto quando fiquei sabendo o que aconteceu! Eu achei que você estivesse morta!
– Morta? – ela perguntou, sem compreender.
– Sim. Você não se lembra, provavelmente… Não sei qual foi o feitiço que usaram em você, mas os curandeiros estavam preocupados.
– Mas está tudo bem comigo? Quanto tempo eu fiquei desacordada? – ela olhou-o, nervosa.
– Foram dois dias, Anigel. Dois dias de terror para mim, tendo que aguentar aquele seu namorado chato me incomodando e eu o mandando ficar longe. – ele disse e sorriu – Vou chamar o curandeiro para examiná-la.
Harry saiu do quarto, não tirando os olhos dela, e logo entrou outro homem vestido de branco. O curandeiro examinou-a incansavelmente. Quando terminou, olhou-a e sorriu.
– Não descobrimos o feitiço que usaram em você, Srta. Paquet. Não foi um simples Estupefaça. Acreditamos que os comensais andaram evoluindo o feitiço para algo pior, mas o que importa é que você está a salvo. Aconselho a não usar meios mágicos para ir para casa.
– Então estou liberada? – ela sussurrou, aliviada.
– Ainda não. Ficará em observação hoje. – o curandeiro sorriu e apontou para a porta do quarto – Tem um homem que deseja vê-la. Posso pedir para ele entrar?
Anigel sabia quem era e também sabia que não poderia evitar por muito tempo. Sua cabeça rodava com as informações que ouvira da boca de Paul, mas queria saber por Gustav o quanto daquilo era real. Porque, querendo ou não, Gustav conhecia Paul, somente pela forma como ele agiu.
Gustav entrou no quarto e encostou a porta, parecendo não querer encará-la de frente. Anigel não abriu a boca e esperou pacientemente até que o homem resolvesse falar.
– Anigel, eu posso explicar, eu… – ele parou e respirou fundo.
Ele abriu a boca e fechou-a rapidamente, se limitando a encará-la. Aos poucos a cabeça dela foi formulando o sentido de tudo aquilo que descobrira. Doeu saber que seu noivo (ou melhor, ex-noivo) era outra pessoa, com uma história decididamente diferente.
Apesar de sentir-se extremamente enganada, queria ouvir o que Gustav tinha a dizer. Seu coração implorava por alguma explicação que sanasse aquela dor de perda. Já não o queria mais e fazia algum tempo que não conseguia mais reconhecê-lo como o homem que amava. Naquele momento, então, teve certeza que não conhecia nada sobre aquele homem com quem dividiu a cama por quase dois anos.
Ele continuava em silêncio e com a cabeça abaixada. Com um suspiro, ele começou a falar.
– Sei que está magoada, e com razão. Eu vou… eu vou te contar tudo, Anigel! E então você decide se deve ou não me perdoar.
Ela assentiu e ele ajeitou-se na cadeira.
– Você já sabe que estudei na Durmstang. Meu irmão mais velho, Paul, também. Não sei até onde sabe sobre nossas vidas, mas vou lhe contar o porquê de eu ter escondido a verdade.
“Assim que me formei, voltei para casa. As coisas por lá não estavam boas. Não financeiramente dizendo, mas entre Paul e meus pais. Logo fiquei sabendo que Paul saíra de casa há algum tempo e havia sumido. Meus pais estavam preocupados, pois, como sabe, eles eram aurores e, naquela época Você-Sabe-Quem havia ressurgido e estava com um poder bem maior do que quando Potter o derrotou, há muitos anos.”
Ele fez uma pausa e ela fez um sinal em concordância para ele continuar.
– Um mês depois, Paul voltou para casa. Era noite e lembro muito bem de estar no meu quarto, estudando, quando ouvi vozes alteradas na parte inferior da casa. Sai do meu quarto e encontrei minha irmã no corredor, que também tinha ouvido as vozes. Descemos juntos para a sala e a cena que vimos foi… terrível.
“Meus pais apontavam as varinhas para Paul, que parecia um lunático. Com os olhos vidrados, mostrava, com orgulho, uma marca negra no braço esquerdo. Ele contou a nós que achava ridículo nos juntarmos aos aurores, que nossos pais eram patéticos e que ele não teria crescimento nenhum ao lado deles. Ainda atordoado, ouvi minha irmã segurar um soluço de horror. Nesse momento ele percebeu nossa presença na porta e me lançou um feitiço, fazendo com que eu voasse para o hall de entrada.”
Anigel mexeu-se nervosamente em sua cama e Gustav continuou.
“Só sei que quando eu voltei para lá, com a varinha em mãos, ele havia prendido minha mãe e minha irmã ao lado dele, no chão, e meu pai tentava segurar as lágrimas de raiva, ainda com a varinha apontada para Paul.”.
Gustav colocou as mãos nas têmporas, parecendo sofrer com suas memórias, e voltou a encará-la.
– Segundos depois, ele matou minha mãe e minha irmã. O choque em mim foi tão grande que fiquei sem reação. Mas meu pai avançou para cima dele, furioso. Os dois começaram a duelar e eu saí de fininho e mandei uma coruja aos aurores, para que viessem apressados a nossa casa. Quando voltei, papai estava morto no chão da sala e Paul me esperava, sorrindo sinistramente. Começamos a duelar e ele… – Gustav apertou as pernas raivosamente e encarou Anigel fortemente – E ele me jogou contra uma parede, fazendo com que eu perdesse a consciência. Quando acordei, era um auror que me olhava e Paul havia aparatado. E… desde então eu decidi entrar para o Ministério, mas antes eu precisava mudar meu nome. Paul estava me perseguindo e nesse meio tempo eu… conheci seus pais.”
Anigel olhou-o, incrédula.
– Você… conheceu meus pais?
– Sim. Eles eram amigos de Paul, e custaram a acreditar que ele havia virado um comensal. Quando Paul descobriu que eu estava contando a verdade para seus pais ele… decidiu matá-los.
Ela olhou para o rosto de Gustav, chocada com o que ouvia. Então era Paul. Tinha sido ele que destruíra sua vida. A voz de Gustav a fez voltar dos seus pensamentos.
– E eu não pude impedi-lo. No dia de sua formatura, ele aproveitou o descuido dos seus pais e os matou.
– E ele teve a oportunidade de me matar aquele dia. Porque não o fez?
Gustav encarou-a. Parecia pensar seriamente no assunto, como se soubesse exatamente o que havia acontecido. E aquilo a assustou.
– Não faço a mínima ideia. – ele suspirou e encostou-se na cadeira – Eu sinto muito, Anigel, por ter lhe escondido isso todo esse tempo. Eu sei que você é responsável pela captura de Merus.
Ela o encarou, nervosa.
– E sei também que conseguiu descobrir que era Paul, sozinha. Mas eu fiz isso tudo para sua proteção! Paul não suporta acreditar que não me matou aquela noite e me persegue desde aquele dia. De acordo com ele, eu faço parte da laia dos Nottinghan e não mereço continuar vivo! – ele aproximou-se novamente dela, com os olhos apavorados – Há três anos consigo escapar dele com esse nome. Mas ele me achou, e, pior de tudo, achou você.
– E o que isso tem a ver? Ele me encontrou diversas vezes na batalha, Gustav, não vejo porque o medo.
– Tenho medo que ele queira se vingar de mim usando você.
Ela ajeitou-se na cama e encarou-o profundamente.
– Se vingar? Isso não parece meio clichê?
– Sim. Ele já começou a fazer isso, te colocando contra mim.
– Não estou contra você – ela murmurou, encarando-o.
– Não? Que bom – ele sorriu – E eu sei que vai ser difícil voltarmos a ser como antes, mas me dê uma chance. Eu não podia contar.
– Eu não posso Gustav.
– Como? – ele encarou-a, incrédulo – Está falando sério?
– Estou. Olha, por mais que seja real isso que você está me contando, não afeta nada. – ela falou, encarando-o – Eu te chamei aquele dia para conversar, pois eu queria conversar sobre nós. Eu estava receosa de dizer a você que eu não queria mais, mas agora, depois de tudo, vejo que eu estava certa.
– Não! – ele implorou, aproximando-se dela impetuosamente – Por favor, Anigel, não faça isso comigo! Eu lhe imploro!
– Não torne as coisas mais difíceis, Gustav. – ela falou, tirando o anel do seu dedo anular direito e entregando para ele – Ou será que eu devo chama-lo de Ian?
Ele parou abruptamente, parecendo magoado e pegou o anel.
– Isso é por causa do Potter, não é? – ele grunhiu, segurando o anel com força nas mãos. – Não faz diferença, Gustav, eu-
– Faz diferença, sim, Anigel! – ele falou, com os olhos começando a saltar como daquele dia em que a agredira – Eu preciso saber da verdade também!
Ela encarou-o apavorada enquanto o via se aproximar da cama com aquele olhar doentio.
– Saia daqui! – ela falou, apertando freneticamente o botão para chamar os enfermeiros – Se não quer que eu o odeie para sempre, suma antes que faça alguma besteira!
Gustav (ou Ian, não sabia mais como chama-lo), parou abruptamente e lançou um último olhar raivoso para ela, saindo do quarto muito irritado. Sentindo todo o peso que a prendia se libertar, ela começou a chorar. Realmente estava certa em terminar tudo com ele e ficar com Harry. Pelo menos, a vida de Harry ela conhecia inteira, sem nem precisar que ele contasse.

Capítulo 16 – Assassinato em Azkaban

Apesar de todas as informações que havia descoberto nos últimos dias, Anigel estava preocupada. Descobrira finalmente quem era o responsável pela morte dos pais e também havia chegado ao “fim” da sua busca pela identidade de Merus. Mesmo com tantas boas notícias, ela sentia uma pontada de insegurança ao mirar o noivo, que estava no lado oposto da mesa do restaurante, e comia seu jantar, lançando lhe olhares gentis.
De repente, o noivo transformou-se como no dia em que a agredira e grunhiu, irritado:
– Eu vou te matar! – e pulou em cima dela, fazendo com que ela se tentasse se livrar do abraço mortal.
– Anigel! – alguém a segurava com força enquanto ela se debatia – ANIGEL!
Ela abriu os olhos e percebeu que quem a segurava não era seu ex-noivo, mas sim, Harry.
– Está tudo bem! – ele disse, ao ver a expressão assustada no rosto dela – Foi só um pesadelo.
– Harry… – ela murmurou, sentindo o coração bater terrivelmente no peito – Me desculpe.
– Tudo bem – ele disse, sorrindo.
Anigel sorriu também e deu um beijo em Harry, levantando-se em seguida. Precisava de um copo de água ou qualquer outra coisa. Desde que terminara com Gustav, não parava de ter pesadelos. E eles geralmente aconteciam quando ela e Harry dormiam juntos.
Desceu as escadas da casa de Harry e foi até a cozinha, procurar um copo para tomar água, quando percebeu que havia alguém olhando para ela da janela da cozinha. Com o coração aos saltos, ela olhou para a janela e viu Gustav, encarando-a com um ódio que ela nunca pensou em ver no rosto dele.
– Você realmente está aí? – ela perguntou, sentindo o copo de água tremer em sua mão.
O homem acenou afirmativamente, deixando-a petrificada. Será que estaria realmente enlouquecendo?
– O que está fazendo?
Anigel soltou um grito forte e derrubou o copo no chão, pegando sua varinha do robe e apontando para quem havia falado aquilo.
Harry estava parado na porta da cozinha, encarando-a com receio.
– O que aconteceu? Anigel, sou eu, Harry!
– Harry… – ela murmurou, chocada, e abaixou a varinha – Eu estou enlouquecendo.
– O que está dizendo, Anigel?
– Eu estou vendo Gustav em todo o lugar, tendo pesadelos com ele todos os dias! – ela olhou para a janela, mas não havia ninguém lá fora – O que significa isso?
– Significa que eu não vou deixa-la em paz, Anigel. – falou Harry, transformando-se rapidamente em Gustav e fazendo com que ela saísse correndo e gritando.
Acordou em um pulo em sua própria cama no apartamento, sentindo o suor escorrer por debaixo de seus cabelos. Olhou em volta, mas estava sozinha.
As lágrimas desceram antes que ela pudesse segurá-las. Aquele pesadelo não seria o último. No dia seguinte em que terminou com Gustav, eles começaram, e já fazia uma semana que eles a perseguiam em qualquer lugar que fosse. Ela estava muito feliz com Harry, mas aquilo continuava a aparecer em sua mente, sem ela compreender exatamente o motivo.
Verificou as horas e deu um suspiro. Novamente, acordara antes das seis. Respirou fundo e resolveu que tomaria um banho antes de ir trabalhar. Assim que entrou debaixo do chuveiro, sentiu-se aliviada. Aquela água quente pela manhã a fez sentir-se relaxada, o que não era possível dentro do Ministério.
Um dia após descobrirem a identidade de Merus, enquanto ela ainda estava no hospital, Dietrich Schuster desaparecera. Havia sinais de luta dentro do seu gabinete e um pouco de sangue, mas nada que justificasse seu desaparecimento. Assim que voltou a trabalhar, no entanto, lembrou-se que Paul estava em Durmstang quando ela foi lá e imaginou que Merus provavelmente dera um sumiço no homem que deveria saber mais sobre ele.
O motivo não ficara claro para ninguém do porque ele faria isso, já que todos sabiam de sua existência, mas talvez ele estivesse fazendo Dietrich de refém e estivesse aguardando o momento certo para usá-lo.
Mesmo com tudo aquilo acontecendo, Anigel ainda tinha que lidar com aqueles pesadelos recorrentes, que estavam começando a assombrá-la inclusive durante o dia, onde ela via vultos e imagens de Gustav, como se estivesse a observando.
Terminou seu banho e se vestiu, decidindo ir aquele horário para o Ministério. Com certeza não haveria ninguém lá e poderia se dedicar mais estando sozinha.
Como suspeitara, o Ministério estava deserto e apenas algumas luzes estavam acesas durante o caminho para o elevador. Assim que a porta do elevador abriu, porém, ela encarou quem estava dentro dele e seu coração parou.
Ian a encarava do elevador de uma forma neutra, não parecendo que aquilo era um sonho. Sem saber o que dizer, ela ia entrar no elevador quando ele saiu e parou na frente dela, impedindo-a de subir no elevador, que se fechou atrás dele.
– Olá. – ela falou, sentindo seu coração voltar a bater de uma forma descompassada.
– Anigel. – ele murmurou, ainda sério – Será que podemos conversar?
– Nós não temos mais o que conversar, Ian. – ela disse, enfatizando o nome de batismo do ex-noivo e fazendo com que ele engolisse em seco.
– Por favor, Anigel, não seja teimosa! Eu a amo demais!
– Isso não é o suficiente! – ela falou, finalmente percebendo que aquilo não era uma ilusão – Eu não quero mais ficar com você!
– Isso é mentira! – ele disse, aproximando-se dela e segurando seus ombros – Eu sei que você não consegue me tirar da cabeça!
Ela o encarou firmemente e deu uma olhada para seus braços, que ainda seguravam os ombros dela. Ele pareceu perceber o que estava fazendo, mas não a soltou.
– Eu não vou machuca-la, Anigel. Eu só quero que admita que não consegue me esquecer!
– Eu não consigo te esquecer, Ian. – ela grunhiu, empurrando-o e apontando a varinha para ele – Não porque te amo, mas sim porque estou apavorada com você! Eu não consigo ver nada de Gustav em você!
Ele respirou fundo e levantou a cabeça, parecendo derrotado.
– Eu estou sendo um idiota novamente. – ele murmurou, encarando-a profundamente – Eu posso passar na sua casa buscar minhas coisas?
– Claro. – ela falou, abaixando a varinha e dando um suspiro – De preferência quando eu não estiver lá.
– Anigel? – falou uma voz masculina e então, ela sentiu dois braços a envolverem – Está tudo bem?
– Harry! – ela sussurrou, aliviada – Não se preocupe, Ian estava de saída.
O homem a encarou e ela novamente sentiu aquela fagulha de ódio dentro dele aparecer sinistramente. Tentando ao máximo evitar que sua mente fantasiosa criasse maluquices, encarou Harry e puxou-o para o elevador, deixando Ian sozinho no corredor.
Assim que os dois entraram no elevador, Harry a encarou, preocupado.
– O que ele estava fazendo aqui no Ministério?
– Ele trabalha aqui, Harry. – ela falou, sentindo-se nervosa – Ele é um Inominável, lembra-se?
– É mesmo? – ele falou, encarando-a mais de perto – Eu nunca o tinha visto por aqui.
– Não interessa. Eu não quero mais saber dele. – ela falou, encerrando o assunto e dando um beijo nele – Bom dia para você.
Ele deu um sorriso e beijou-a novamente. A porta do elevador se abriu e eles caminharam lado a lado até o QG, mas já havia alguém lá.
– Sr. Asimof? – perguntou Harry, aproximando-se do homem e apertando sua mão.
– Desculpe pela intromissão logo pela manhã, Sr. Potter, mas eu precisava falar com o senhor.
Anigel reconheceu-o naquele momento como o atual responsável de Azkaban e raramente era visto fora de sua sala na prisão. Ao ver que ele estava com alguém o homem levantou-se e estendeu a mão para ela, que o cumprimentou.
– Anigel, esse é o Sr. Leandro Asimof, responsável por Azkaban
– Sr. Potter, podemos conversar?
– É claro, vamos até minha sala.
Os dois saíram do QG dos aurores e seguiram até a sala de Harry, deixando-a um pouco preocupada. Aproveitou para por em ordem seus documentos novamente, pois pretendia ir a Durmstang naquela tarde e tentar encontrar alguma pista que pudesse levar a Dietrich.
Após quase uma hora, no entanto, Harry chamou-a para sua sala e ela estranhou ao ver que o Sr. Asimof ainda estava lá.
– Anigel, o Sr. Asimof veio até aqui hoje porque essa noite algo estranho aconteceu em Azkaban.
Anigel olhou intrigada para Harry e então olhou para Asimof ao seu lado.
– Um homem morreu ontem à noite em sua cela. Seu nome era Eric Crawford e a senhorita foi a última visita que ele teve. Suspeitamos que ele tenha sido… assassinado.
Ela piscou, aturdida. Crawford? Morto?
– Quer dizer que ele foi assassinado em Azkaban, debaixo dos narizes dos aurores?
Asimof encarou-a e confirmou com a cabeça, pesaroso.
– Esperávamos que a senhorita pudesse ter ideia de quem cometeria tal ato.
Ela encarou Harry e o homem sem compreender, mas a única pessoa que vinha a sua mente e que poderia matar Crawford era Merus.
– Merus – ela sussurrou tão baixo que quase não ouviu sua própria voz.
– Como? – Harry perguntou, encarando-a um pouco perdido.
– Apesar de parecer loucura, é a única pessoa que poderia tê-lo matado: Paul Nottinghan, ou melhor, Merus. Foi ele quem matou Crawford. Os dois faziam parte de um grupo de cinco alunos na Durmstang chamado Pentcruxes e foi por isso que fui interroga-lo. Não consegui nenhuma confissão dele, a não ser ele gritando o sobrenome de Paul.
– Mas porque ele mataria o homem? – Harry estava quase atravessando a mesa, de tanto que se aproximara – Se fosse antes de descobrirmos sua identidade, eu até compreenderia, mas porque ele iria matar alguém que poderia identificá-lo sendo que já sabemos quem ele é?
Anigel abaixou os olhos, pensativa. Essa era uma boa pergunta. Ela já sabia quem ele era, havia o denunciado e mesmo assim, ele matara Crawford. Ela voltou a olhar para os dois homens e balançou os ombros.
– Não faço a mínima ideia de porque Merus mataria alguém que não tem mais serventia para nós ou para ele. Mas quem pode compreender a mente de um comensal como esse? Talvez ele achou melhor sair eliminando todo mundo como um louco alucinado!
Harry encarou-a com a sobrancelha levantada, parecendo se controlar para não rir.
– Nottinghan… não foi aquele que matou a família, anos atrás? – Asimof perguntou, não parecendo perceber que ela havia feito uma piada.
– Sim. Eu era responsável por pesquisar Merus e acabei chegando ao nome dele – ela apoiou-se no espaldar da cadeira vazia ao lado de Asimof, fazendo com que ele a encarasse e Harry fez o mesmo.
– E os outros integrantes do grupo? Você disse que era cinco, estou correto?
Anigel encarou o responsável por Azkaban sem compreender muito bem.
– Mortos. – ela falou mecanicamente – Dois em Azkaban, pouco tempo depois de serem capturados.
– E eles não poderiam ter sido… assassinados? – Harry falou, fazendo com que o responsável por Azkaban se remexesse na cadeira.
– Assassinados? – ele encarou Harry, parecendo preocupado – Quero dizer, eu nunca soube de nada disso, ou pelo menos o antigo diretor não me contou nada antes de me passar o cargo.
– É um começo! – Harry murmurou, sorrindo – O senhor pode perguntar a ele?
Uma sombra passou pelos olhos do homem e Anigel pressentiu o pior.
– Receio que… bem, ele está morto. Parece que alguém estava o ameaçando, então ele decidiu abandonar o cargo. Como diretor de Azkaban, as ameaças são constantes, até porque, existem muitos seguidores das trevas presos ali. Eu até imaginei que as ameaças mudariam de destinatário assim que fosse oficializado meu cargo em Azkaban, mas elas não vieram. E então, algum tempo depois, ele foi morto. Seu corpo foi encontrado em casa, sem sinais de luta ou coisa parecida.
– O que nos volta ao ponto zero – murmurou Harry, encostando-se na poltrona – Bom, Sr. Asimof, faremos o possível para descobrir o que houve em Azkaban e ficaríamos gratos se pudesse achar alguma maneira de descobrir sobre os outros membros do grupo que Anigel mencionou.
– Bom, há algo que posso fazer para ajudar. – falou o homem, parecendo lembrar-se de algo – Apesar de ter morrido há algum tempo, o antigo diretor deixou alguns papéis comigo. Ele gostava de descrever os dias dentro da prisão e deixou isso em Azkaban, pedindo que eu nunca mostrasse a ninguém. Talvez possa ter algo lá.
Anigel encarou o homem, não acreditando no que ouvia.
– Seria ótimo, Sr. Asimof!
– Mandarei os papéis assim que chegar em Azkaban, então, através de um auror para não haver problemas. – falou ele, se levantando da cadeira.
– Agradecemos profundamente, Sr. Asimof! – falou Harry, apertando a mão do homem – Dois aurores já o aguardam na saída para acompanha-lo até Azkaban e ver o corpo.
Assim que o homem saiu da sala, percebeu que Harry estava a encarando um pouco preocupado.
– O que está pensando, Anigel?
– Eu não sei mais no que acreditar. – ela disse, encarando Harry – Tudo aponta para Paul Nottinghan, mas essas ações não batem com o Merus que conhecemos até hoje. Ele sempre foi sutil e nunca deixava que soubessem que era ele quem agia. Mas essas ações, a morte de Crawford e o sumiço de Dietrich não condizem com as ações de Merus.
– Talvez seja ação de outra pessoa. Não podemos ter certeza que Merus está por trás disso também.
– Eu acho que essa história está muito esquisita. – Vou esperar os documentos que ele vai mandar. Talvez lá apareça a resposta. Enquanto isso, eu vou com mais dois aurores para Durmstang.
– Se cuide por lá. Qualquer coisa, me mande um patrono.
– Sim senhor! – ela falou, batendo continência e fazendo com que Harry revirasse os olhos – Eu sei me cuidar.
E, sem dizer mais nada, saiu da sala do chefe, deixando um Harry preocupado para trás.

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